16 de julho de 2010

leia o livro TORTURADOS POR AMOR A CRISTO....aqui apenas alguns relatos....

O que aconteceu à minha esposa e ao meu filho


Fui levado para longe de minha esposa. Não sabia o que lhe havia acontecido. Depois vim a saber que também havia sido aprisionada. As mulheres crentes sofrem muito mais que os homens, na prisão. As moças são violentadas pelos guardas brutais. A blasfêmia e as obscenidades são horrveis. As mulheres eram obrigadas a trabalho forçado em um canal que tinha de ser construído, e tinham de executar a mesma tarefa que os homens. Removiam terra no inverno. Prostitutas eram colocadas como supervisoras e rivalizavam com os guardas nas torturas aos fiéis. Minha esposa teve que comer grama feito gado para poder sobreviver. Ratos e cobras eram comidos pelos prisioneiros famintos nesse canal para não morrerem de fome. Uma das diversões dos guardas aos domingos era empurrar mulheres para dentro do Danúbio e depois pescá-las, para se rirem e ridicularizá-las quando viam seus corpos molhados e jogá-las de volta ao rio para serem pescadas outra vez. Minha esposa foi atirada ao Danúbio dessa maneira.

Meu filho fora deixado em liberdade para vagar pelas ruas, quando a mãe e eu estávamos presos. Mihai tinha sido desde criança muito religioso e muito interessado em assuntos relacionados com a fé. Depois, com a idade de 9 anos, quando eu e a mãe fomos arrebatados dele, passou por uma crise em sua fé cristã. Havia-se tornado ríspido e duvidava de toda a sua religião. Tinha com essa tenra idade problemas que as crianças em geral não têm. Precisava pensar em ganhar o pão de cada dia.

Era crime ajudar as famílias dos mártires cristãos. Duas senhoras que ajudaram meu filho foram presas e apanharam tanto que até o presente estão aleijadas, depois de 15 anos. Uma senhora, que arriscou a vida e levou-o para sua casa, foi condenada a oito anos de prisão por esse crime de ter ajudado a família de um preso. Todos os seus dentes lhe foram quebrados a pontapés. Seus ossos fraturados. Nunca mais poderá trabalhar. Ela também ficará aleijada para o resto da vida.

"Mihai, creia em Jesus!"

Com a idade de 11 anos, Mihai começou a ganhar sua manutenção, trabalhando habitualmente. Os sofrimentos abalaram sua fé. Mas depois de dois anos de encarceramento de minha esposa, foi-lhe permitido visitá-la. Dirigiu-se à prisão comunista e viu sua mãe por trás das grades de ferro. Estava suja, magra, com as mãos calejadas, vestindo esfarrapado uniforme de prisão. Mal a reconheceu. As primeiras palavras dela foram: "Mihai, creia em Jesus!" Os guardas, com fúria selvagem, tiraram-na da presença de Mihai e a levaram. O menino chorou ao ver sua mãe ser arrastada. Esse minuto foi o momento de sua conversão. Ele sabia que se Cristo pode ser amado sob tais circunstâncias, é realmente o verdadeiro Salvador. Posteriormente afirmou: "Se o Cristianismo não tivesse outro qualquer argumento em seu favor, além do fato de minha mãe crer nele, este mesmo fato seria para mim suficiente". Aquele foi o dia em que aceitou a Cristo completamente.

Na escola, Mihai tinha uma batalha contínua pela sua existência. Fora bom aluno e como recompensa recebera uma gravata vermelha — sinal de membro dos Jovens Pioneiros Comunistas. Meu filho disse: "Jamais usarei a gravata daqueles que aprisionaram meu pai e minha mãe". Foi expulso da escola por isto. Depois de perder um ano, entrou na escola outra vez, escondendo o fato de ser filho de um preso cristão.

Posteriormente teve de escrever uma tese contra a Bíblia. E escreveu: "Os argumentos contra a Bíblia são fracos e as citações contra ela são inverídicas. Certamente o professor jamais leu a Bíblia. A Bíblia está em harmonia com a ciência". Outra vez foi expulso. Agora teve de perder dois anos escolares.

Por fim permitiram-lhe entrar no Seminário. Aí lhe era ensinada "Teologia Marxista". Tudo era expli¬cado de acordo com os padrões de Karl Marx. Mihai protestou publicamente em classe. Outros estudantes fizeram o mesmo. O resultado foi ser expulso e não pôde terminar seu treinamento teológico.


Certa vez na escola, quando o professor proferia uma conferência ateística, meu filho levantou-se e o contradisse, afirmando que sobre ele pesava grande responsabilidade ao levar tantos jovens pelo caminho errado. Toda a classe ficou ao seu lado. Foi necessário que um tivesse a coragem de se levantar primeiro. Então todos ficaram de seu lado. Para obter a sua educação, constantemente encobria o fato de ser filho de Wurmbrand, o prisioneiro cristão. Todavia com freqüência era descoberto, repetindo-se a cena costumeira de ser chamado ao gabinete do diretor para ser expulso.

Mihai também passou muita fome. As famílias de cristãos encarcerados nos países comunistas quase sempre chegam perto de morrer de fome. Ê grande crime ajudá-las.

Contarei apenas um caso de sofrimento, de uma família que conheço pessoalmente. Um irmão fora preso por seu trabalho na Igreja Subterrânea. Deixara a esposa com seis filhos. As filhas mais velhas, de 17 e 19 anos, não podiam arranjar emprego. O único que prove trabalho num país comunista é o Estado, e não o dá a filhos dos crentes "criminosos". Por favor, os leitores não julguem esta história à luz de padrões mo¬rais. Apenas recebam os fatos. As duas filhas do mártir cristão — também crentes — tornaram-se prostitutas para poder sustentar seus irmãos mais novos e a mãe doente. O irmão mais novo, de 14 anos, enlouqueceu quando viu o que estava acontecendo e teve de ser mandado a um asilo. Quando, depois de anos, o pai retornou, sua única oração era: "Deus, leva-me de volta à prisão. Não poderei suportar ver isto". Sua oração foi respondida e está agora na prisão, pelo crime de haver testemunhado de Cristo às crianças. Suas filhas não são mais prostitutas. Receberam um trabalho da Polícia Secreta. Tornaram-se informantes. Como filhas de um mártir cristão, são recebidas com honra em todas as casas. Escutam e então relatam tudo quanto ouvem à Polícia Secreta.

O leitor não deve apenas dizer que é uma história fria e imoral. Certamente que é, mas pergunte a si mesmo se não é também seu, o pecado de tais tragédias ocorrerem — essas famílias cristãs serem deixadas abandonadas, sem a sua ajuda, que é livre.

Em Cristo,
Graça Azevedo

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