12 de janeiro de 2011

Livro: Sombras, tipos e mistérios (parte1)

Linguagem figurada

"Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei" (SI 119.18)

A Bíblia tem alguma coisa diferente de todos os outros livros deste mundo.
A sua preservação por tantos séculos e a sua divulgação, sendo aceita e apreciada por tantas pessoas de classes, condições e profissões diferentes. Reis, filósofos, poetas, estadistas, sacerdotes, médicos, publicanos, pescadores, etc. escreveram, um no deserto de Sinai, outro no palácio de Jerusalém, outro junto ao rio da Babilônia, outro na cadeia de Roma, outro na Ilha de Patmos. Há um período de quase 1.600 anos entre o primeiro e o último escritor. Os materiais apresentados são: história, genealogia, lei, ética, profecia, ciência, higiene, economia, política e regras para a conduta pessoal. Tudo isto forma uma unidade, expondo o plano de Deus na salvação dos pecadores.

Gênesis é o começo das coisas. Apocalipse, a consumação.

De Gênesis a Malaquias - A Salvação necessária, prometida e tipificada.

Os quatro Evangelhos - A Salvação realizada.

De Atos a Apocalipse - A Salvação aplicada e consumada.

Na exposição da mensagem de Deus, a Bíblia usa linguagem figurada ou simbólica, que pode ser entendida pelo contexto ou pela comparação doutras passagens no mesmo assunto.
Muitas figuras de retórica estão no texto bíblico, tornando a idéia enfática, mantendo sempre a clareza do pensamento. A Bíblia é assim um livro de metáforas, símiles, alegorias, tipos, símbolos, etc.

Metáfora - Um objeto tomado por outro - "O Cordeiro de Deus".

Símile- Comparação- "Sou como o pelicano no deserto" (SI 102.6a).

Metonímia - Uma coisa tomada por outra, com relação de:
a) Causa pelo efeito - "Têm Moisés e os profetas" (Lc 16.29b).
b) Efeito pela causa - "Duas nações há no teu ventre" (Gn 25.23a).

Hipérbole - Aumento ou diminuição exagerada da realidade das coisas, "...faço nadar o meu leito...com as minhas lágrimas" (SI 6.6).

Ironia - Pensamento com sentido oposto ao significado literal, "...o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal" (Gn 3.22b).

Antropomorfismo - Atribuição a Deus das faculdades humanas: "O Senhor cheirou o suave cheiro" (Gn 8.21a).

Tipo - Alguma pessoa, coisa ou cerimônia que se refere a eventos futuros.

Símbolo - Algum objeto material representando verdades espirituais.

Alegoria - Aplicação alegórica de histórias verídicas ou exposição dum pensamento sob forma figurada.
Exemplos de alegorias: No primeiro caso, está a história dos dois filhos de Abraão, Ismael e Isaque, como os dois concertos da lei e da graça (Gl 4.22,23). No segundo caso, vem a história da vinha que foi trazida do Egito (SI 80.8-10); e a das duas águias e a videira (Ez 17.3-10). Há várias outras nos profetas. O livro de Cantares é uma alegoria representando o amor de Cristo para a sua igreja.

Parábola - Uma narrativa em que as pessoas e fatos corres¬pondem às verdades morais e espirituais.

Parábolas do Velho Testamento:

1. A Ovelha do Homem Pobre (2 Sm 12)
Davi mandou colocar Urias num lugar perigoso para os inimigos o matarem e quando ele foi morto, ficou com a mulher.
A morte de Urias aconteceu como se fosse coisa natural da guerra, mas foi planejada por Davi. Nata, o profeta, foi mandado por Deus para repreendê-lo. Nata apresentou a parábola dum homem rico que tomou a única ovelha que o pobre possuía, matou-a e preparou uma refeição para o amigo que chegou. Davi disse: "...digno de morte é o homem que fez isso" (2 Sm 12.5b). Nata respondeu: "Tu és este homem" (2 Sm 12.7b).

2. O Moço que Matou o Irmão (2 Sm 14.6)
Absalão matou o irmão e estava desterrado. Joabe desejava que o rei desse ordem para sua volta. Arranjou uma mulher para dizer ao rei que seu filho matou o irmão e estava ameaçado de morte, assim ela ficaria sem filhos, pediu ao rei para livrá-lo. O rei prometeu a ela e descobriu que era de Absalão que ela falava e que fora instruída por Joabe.

3. As Duas Meretrizes (Ez 23)
Para condenar o pecado de Israel e de Judá, o profeta falou das duas meretrizes, comparando o pecado de idolatria ao da prostituição. Este sentido dado à idolatria é muito comum nos profetas. No capítulo 16, Ezequiel apresenta uma ilustração igual, porém falando duma só, Jerusalém.
Os evangelhos estão cheios de parábolas de Jesus Cristo. Continuamente Jesus falava por parábolas. Quando os discípulos não entendiam o sentido espiritual, pediam explicação e Ele atendia (Mc 4.10,11). Os que não se interessavam, ouviam só as parábolas e iam embora sem nada aproveitarem.
Quem necessita de sabedoria para ver pela fé Jesus ao lado, peça a Deus, que a todos dá liberalmente (Tg 1.5). Então ouvirá do próprio Salvador a palavra que Ele dirigiu aos discípulos: "... A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus..." (Mc 4.11b). Para os incrédulos, continuam encobertos e confusos os pensamentos da revelação dos céus.

Símbolos e tipos

Como as duas figuras mais desenvolvidas neste livro são símbolos e tipos, será bom observar alguns fatos ligados ao seu uso.
O tipo é alguma pessoa ou coisa que se refere a acontecimentos futuros. Sempre é empregado na esfera religiosa.
O símbolo é algum objeto material, representando verdades morais e espirituais. E usado em geral na linguagem e nas atividades dos homens.
Para compreender bem as Escrituras Sagradas, é preciso ter uma noção clara dos símbolos. Deste modo se entende melhor os tipos. Um tipo pode encerrar vários símbolos. A interpretação das profecias depende da significação dos símbolos. Por meio de símbolos, o Velho Testamento contém as doutrinas do Novo.
Primeiramente se entende o vocabulário da Bíblia no sentido literal. Depois aparece o simbolismo, lembrando algum aspecto da obra de Jesus Cristo, da vida da Igreja, ou das obrigações do crente em seu testemunho e cultivo da comunhão com Deus.
Um modo de classificar os tipos é assim:
Tipos históricos e tipos rituais.
Os tipos históricos podem ser pessoais ou coletivos.
Pessoais, quando certos personagens do Velho Testamento têm alguma semelhança com a pessoa de Jesus ou ilustram alguma revelação da doutrina do Evangelho. Este caso é o que vem no capítulo intitulado Tipos Humanos de Jesus.
Coletivos, aplicação dos acontecimentos da vida dum povo ou duma coletividade à Igreja aqui no mundo ou como aviso sobre o modo de proceder dos crentes.
Tipos rituais, quando os detalhes da Lei Mosaica prefiguram o ensino do Novo Testamento. Isto aparece nos capítulos sobre o Tabernáculo e sobre cerimônias de Levítico.

Símbolos gerais I

"Começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27)
Muitas palavras das Santas Escrituras são empregadas com vários sentidos, apresentando alguma relação com a nossa união a Deus, pela salvação alcançada pela morte de Jesus.
Num espaço pequeno, não é possível estudar todas. Escolhendo algumas cujo simbolismo é mais claro, poderemos apresentar neste livro um pouco das aplicações que são feitas para nosso crescimento espiritual.
O sentido em que é empregada uma palavra pode ser descoberto pelo contexto ou por outras passagens no mesmo assunto. Seguem as palavras que encerram vários símbolos:

ÁRVORE

1. Símbolo da Graça de Deus e da Vida Eterna
Quando Deus preparou um lugar para habitação de sua criatura, o Jardim do Éden, pôs ali "a árvore da vida" e "a árvore da ciência do bem e do mal" (Gn 2.9b). Eram literalmente árvores, mas representavam necessidades espirituais. A árvore da vida estava no meio do jardim, guardada pela mente do Criador, merecendo uma atenção especial. "Adão, tendo pecado, ficou privado de comer da árvore da vida, por isso foi expulso do Éden.
A figura da árvore da vida atravessa toda a revelação bíblica. Na restauração do pecador, terá ele direito a comer do seu fruto.
Numa das promessas ao vencedor, o Espírito diz expressamente às igrejas:”ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus" (Ap 2.7).
O que o homem perdeu pelo pecado, alcança pela mise¬ricórdia de Deus, que providenciou a sua salvação e o recebe como justo.
Na visão de Ezequiel 47, há um rio que sai do santuário (vv 2 e 12) ladeado por toda a sorte de árvore que dá fruto para alimento e folhas para remédio. Refere-se ao reino glorioso de Jesus Cristo, quando Satanás estiver preso e os incrédulos no seu lugar. Então haverá paz e abundância.
Finalmente aparece a árvore da vida na última visão das coisas novas, depois de todas as etapas do juízo de Deus. Em Apocalipse 22.2a diz: "No meio da sua praça, de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida. "É no ambiente dos salvos, na presença de Deus, quando diz a Escritura:”E ali nunca mais haverá maldição..."(v 3a),”E ali não haverá mais noite..."(v 5a), e os salvos reinarão para todo o sempre.
A árvore da ciência do bem e do mal foi uma, escolhida por Deus, como prova da obediência de Adão. Os inimigos da Bíblia, e zombadores dizem que foi a macieira e a fruta comida por Eva e Adão foi a maçã. Naquela passagem não se fala em maçã. Ninguém sabe que espécie de árvore era. A serpente disse a Eva que eles ficariam como Deus, sabendo o bem e o mal. Quando comeram, viram que estavam nus, viram que eram culpados e procuraram se esconder. Havia diferença entre o conhecimento deles acerca do bem e do mal e o de Deus. Deus conhecia o bem e o mal, sem ser atingido pelo mal, Adão e Eva conheciam o bem e o mal, sem poderem evitar o mal e sem paz na vida.

2. As Árvores também Simbolizam os Homens
Jesus Cristo, falando de falsos profetas, diz: “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo" (Mt 7.15,19).
João Batista pregou assim: "E também agora está posto o machado à raiz das árvores...'' (Mt 3.10a). Convidava o povo para arrepender-se de seus pecados, ilustrando o juízo de Deus com o machado à árvore.
No sonho de Nabucodonozor apareceu uma árvore grande, representando o reino do próprio Nabucodonozor. Pela interpre¬tação de Daniel, Deus avisou o rei sobre o castigo que viria em sua vida por causa do orgulho (Dn 4.10-14, 20-23).

3. As Árvores São Símbolos dos que Obedecem
Os justos são comparados às árvores "...a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor" (Is 61.3b).
Quem anda fazendo a vontade de Deus é "...como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria...e tudo quanto fizer prosperará" (SI 1.3).
A missão do crente neste mundo é como a da árvore, sua finalidade é beneficiar os outros. Suas obras devem ser como frutos para alimentar os necessitados espirituais. A árvore dá sombra para abrigar os que precisam, sua madeira se transforma em móveis para o conforto, e serve de lenha para aquentar e preparar a comida. Ainda as folhas são usadas como remédios. O crente deve ser assim: tudo para os outros. Judas fala duns falsos irmãos que perturbavam o ambiente e diz que eles são " ...árvores murchas, infrutíferas, duas vezes monas, desarraigadas" (Jd 12c).

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