13 de setembro de 2009

Atos proféticos...mais um modismo!!!

por pr. Ciro Sanches Zibordi
Os “atos proféticos” estão na moda, inclusive em algumas Assembleias de Deus. Onde vamos parar?
Não faz muito tempo que uma famosa intérprete do chamado mundo gospel, num “ato profético”, andou como um animal quadrúpede em cima de um palco, como se fosse uma leoa. A mesma cantora e seu grupo, em um mega-show, no Rio de Janeiro, apresentou um deprimente espetáculo em que um rapaz representou o Diabo, enquanto ela o pisava “profeticamente” (quer dizer, pisava supostamente o Inimigo), acompanhada de dançarinos que poderiam, sem exagero, fazer parte dos shows da Madonna, da Britney Spears ou da Beyoncé.
Há alguns anos, seguidores de um grupo “evangélico” resolveram, também num “ato profético” ao extremo, escalar e ungir o Dedo de Deus, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Segundo eles, esse pico é um chamariz da presença de Deus. Além disso, bem próximo dele há outro que, de tão parecido, chega a se confundir com ele — a Agulha do Diabo, que também precisaria ser ungida. Com isso, declararam “profeticamente” que o Estado fluminense pertence ao Senhor e que toda ação diabólica foi quebrada!
Melhorou alguma coisa no Rio de Janeiro depois desses ousados “atos proféticos”? Do jeito que o Diabo foi supostamente pisoteado e humilhado, diante de milhares de pessoas, no mínimo ele estaria fora de combate, mas o Inimigo continua bastante atuante, não só em territórios fluminenses, como em todo o mundo. E quanto às unções do Dedo de Deus e da Garganta do Diabo, que resultado trouxeram?
Como é triste ver igrejas ditas evangélicas voltadas ao misticismo... Infelizmente, a moda do “ato profético”, que começou entre os adeptos do G12, em que prevalece um pseudopentecostalismo, já conquistou pastores da Assembleia de Deus. Um dia desses, assistindo a um programa assembleiano que vai ao ar no sábado pela manhã, fiquei pasmo. Vários “atos proféticos” foram apresentados com a maior naturalidade, como se fizessem parte da liturgia pentecostal...
O que está acontecendo com a quase-centenária Assembleia de Deus, que sempre valorizou o estudo da Palavra de Deus, a oração e a evangelização? É necessário mesmo que sejam adotadas práticas místicas para o recebimento das bênçãos do Senhor? A adoração pura e simples, o louvor e a intercessão perderam a eficácia? E a pregação expositiva ungida, não funciona mais? É preciso mesmo que empreguemos no culto toda essa parafernália mística do falacioso movimento gedozista?
Certo “pregador” assembleiano — não me pergunte o nome dele — anda dizendo por aí que, ao ter chegado a uma cidade, e percebendo que havia uma nuvem negra sobre ela, resolveu, num “ato profético”, percorrer a cidade inteira de carro, rua por rua, derramando azeite por onde passasse! Já pensou se a moda “pega”, e alguém queira ungir cidades como Nova York, Londres, Rio de Janeiro e São Paulo?! Haja azeite!
Recentemente, fui convidado para ministrar a Palavra em uma Assembleia de Deus — não me pergunte onde —, mas acabei não pregando. Quer saber por quê? Era domingo de eleições, e o pastor resolveu fazer um “ato profético”. Enrolou-se na bandeira do Brasil, “profetizou” vitória sobre a nossa nação, ungiu a bandeira e depois pediu para todos os presentes, um a um, “profetizarem” bênçãos para o Brasil, representado pela bandeira estendida.
Resultado: como o tal ato durou mais de uma hora, não houve exposição da Palavra de Deus nem manifestação do Espírito Santo (1 Co 14.26), e o Diabo, com certeza, ficou muito feliz. Ocorreu também uso indevido da unção, pois à igreja neotestamentária, nesse tempo da Graça, a única unção com óleo (literalmente, falando) que se aplica é a que se ministra no momento da oração pelos enfermos (Mc 6.13; Tg 5.14).
Meu Deus, quanta invencionice no meio do teu povo! Onde vamos parar?! O evangelho de Cristo é simples (2 Co 11.3,4). Temos de orar e jejuar, amar e estudar a Palavra de Deus, bem como sair das quatro paredes, levando a mensagem da cruz ao mundo perdido (1 Co 1.18,22,23; 2.1-5). Digamos “não” aos “atos proféticos”, que só servem para afastar o povo de Deus da Palavra e da simplicidade do evangelho, gerando falsa espiritualidade e pseudo-avivamento.
Ciro Sanches Zibordi
 
No amor de Cristo, da igreja perseguida, e dos que precisam ser alcançados,

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