18 de setembro de 2011


Criando os filhos no caminho de Deus – parte 18

Livro de Kathi Hudson - CPAD


Disciplina: Além da Punição

Ao ouvir a palavra disciplinar, qual o primeiro significado que lhe vem à mente? Muitos pensam rapidamente em imagens de espancamento, castigo de ficar em pé olhando para a parede ou privação das atividades favoritas. Na verdade, a definição correta, segundo o Dicionário Aurélio, é "fazer, obedecer ou ceder. Acomodar; sujeitar; corrigir".
A palavra disciplinar vem do latim discipulus, de onde também provém a tão conhecida palavra discípulo. Que imagens a palavra discípulo traz à sua mente? Os 12 fiéis seguidores de Jesus, dedicados a seguir seu caminho e aprender com Ele? Perspectiva um tanto diferente da que pensamos para nossos filhos, não?
Neste capítulo, falaremos sobre correção e punição, porém, nosso foco será o discipulado. A definição para disciplinar é "treinamento que desenvolve o autocontrole, caráter, bom comportamento e eficiência". Não é o que realmente desejamos para nossos filhos, mesmo através da correção?

Disciplinando Nossos Filhos
Cada um de nós ocupa, como pais, uma poderosa posição de grande responsabilidade. Deus tem nos confiado seus preciosos pequeninos, para ajudá-los a tornarem-se tudo que o Senhor deseja que sejam. Particularmente, quando nossos filhos são pequenos, olham para nós como se fôssemos Deus. Eles reparam em cada atitude nossa e fiam-se em cada palavra. Seu desejo é ser assim como papai e mamãe. Isto assemelha-se à maneira como os discípulos de Jesus, seus filhos no Senhor, olhavam para Ele. Que tremenda responsabilidade temos em treinar estes pequeninos!
Quando o Senhor nos dá uma tarefa, sempre nos direciona para a maneira como gostaria que a executássemos. No caso do discipulado de nossos filhos, Ele tem nos dado não apenas o exemplo de Jesus e seus discípulos, mas várias instruções específicas direcionadas aos pais, através da Bíblia. Neste livro, estamos abordando a maioria destas instruções. Realmente, o discipulado une todos os princípios que temos aprendido, uma vez que é o processo de treinamento de nossos filhos.
Vejamos alguns elementos-chaves do treinamento de Cristo para seus seguidores:
Ele deu exemplo de bom comportamento a ser seguido.
Ele os instruiu nos caminhos do Senhor e usou a vida como sala de aula.
Ele ajudou-os a compreender corretamente o sucesso cristão em oposição ao sucesso mundano e chamou-os para abandonar seus tesouros terrenos e segui-lo, fazendo de sua caminhada cristã uma prioridade.
Ele os ensinou a orar e fazer da oração e do ensinamento bíblico parte de suas vidas diárias.
Ele partilhou sabedoria e ensinou-lhes a vontade de Deus.
Ele encorajou os discípulos, permitindo que falhassem em alguns momentos, e ajudou-os a aprender através de suas fraquezas.
Ele foi perfeitamente consistente.
Parece familiar? Estes são os conceitos que temos abordado neste livro — elementos-chaves para treinar nossos filhos com sucesso. Prefiro abordar a disciplina separadamente do processo de treinamento, pois muitas pessoas igualam-na à punição. Porém, ela é paralela ao processo de treinamento e ambas estão relacionadas. O treinamento é parte integrante da disciplina e vice-versa.
Para treinarmos nossos filhos com eficiência, precisamos seguir o exemplo do treinamento de Cristo com seus discípulos.

Por que Disciplina?
Precisamos observar a disciplina em duas categorias principais. Primeiro, a disciplina que conferimos aos nossos filhos, a qual inclui exemplo, ensino, e também a correção.
Segundo, precisamos ajudar nossos filhos a desenvolver a autodisciplina. Todos nós reconhecemos que é visivelmente impossível forçá-los a comportar-se da maneira como gostaríamos e a ser responsáveis e obedientes. Caso seja este o seu plano para fazer de seu filho um sucesso, detesto ser a portadora das más notícias: isto não vai dar certo! Durante algum tempo, pode parecer estar dando certo, mas quando seu filho chegar à fase adulta, viverá exatamente como desejar.
Nosso objetivo é treinar e equipar os filhos, para que possam lidar com a independência de maneira cristã, a fim de poderem estar no piloto automático! Queremos desenvolver em nossos filhos o caráter santo que os habilitará a ser um sucesso.
Já ouvi o ditado: "Caráter é quem você é, quando não há ninguém por perto." Esta é uma ótima definição!
Caso esteja pescando, se sua cesta estiver cheia e você pegar um peixe maior, soltará um dos menores para poder guardar o grande na cesta? Você frauda seus impostos? Caso encontre uma nota de cem reais e não haja qualquer pessoa ao redor, você simplesmente a guarda? Um homem ou mulher de bom caráter, que vive uma vida cristã bem-sucedida, faz a coisa certa mesmo quando ninguém (exceto Deus) fica sabendo.
Se executarmos nosso trabalho de treinamento de maneira correta, nossos filhos terão um caráter santo mesmo quando não estivermos por perto para impor-lhes o comportamento adequado.
A Bíblia oferece tal sabedoria na área da disciplina. Peço a você que use a concordância para rever todos os versículos referentes à disciplina. Por hora, gostaria de ressaltar apenas alguns, para ilustrar as várias formas e propósitos da disciplina e por que é tão importante.
A disciplina é uma parte necessária da vida, mantendo-nos no caminho e na vontade de Deus. As pessoas sem disciplina raramente completam qualquer coisa na vida e geralmente encontram-se em uma confusão após a outra.
Ele morrerá, porque sem correção andou, e, pelo excesso da sua loucura, andará errado. (Pv 5.23)
A disciplina é uma de nossas responsabilidades como pais, e nos ajuda a criar um ambiente doméstico amoroso e tranqüilo.
Porque já eu lhe fiz saber que julgarei a sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu. (ISm 3.13)
Castiga o teu filho, e te fará descansar e dará delícias à tua alma. (Pv 29.17)
Quando os filhos são maiores, aprendem a autodisciplina; mas quando novos, necessitam especialmente da direção firme dos pais, que precisam prever os resultados de suas ações e ajudá-los a desenvolver um caráter santo.
Toda criança é rebelde e desobediente por natureza; para vencer esse problema é preciso um castigo severo mas amoroso. (Pv 22.15, A Bíblia Viva)
Através da disciplina, os filhos obtêm sabedoria e compreensão. O elemento-chave da disciplina é ensinar através do exemplo, ilustração e correção.
O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto. (Pv 12.1)
Os filhos precisam aprender a obedecer a Deus e a seus pais. A disciplina ensina obediência e submissão. A obediência ao Senhor os conduzirá ao sucesso e os libertará do fardo do pecado.
Agora, pois, filhos, ouvi-me, porque bem-aventurados serão os que guardarem os meus caminhos. (Pv 8.32)
Ordena os meus passos na tua palavra, e não se apodere de mim iniqüidade alguma. (SI 119.133)
Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor. (Cl 3.20)
A disciplina vem de diferentes fontes: Deus, os pais e nós mesmos. Cada um é de vital importância. Hebreus explica a importância da disciplina:
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade por um pouco de tempo, nos corrigiam como hem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela. (Hb 12.7-11)
A disciplina é um componente vital e necessário do relacionamento pai/filho e do que temos com Deus nosso Pai. Ele nos disciplina para nos guiar, corrigir, ensinar e fazer-nos justos.
Quando nossos filhos aprendem a submeter-se à autoridade paterna, é mais fácil treiná-los para que se submetam à autoridade e disciplina de Deus, e eventualmente desenvolvam a autodisciplina necessária para uma vida de obediência ao Senhor.
O passo final é importantíssimo — que nossos filhos aprendam a autodisciplina. A primeira necessidade da obediência é evitar o que é errado. A autodisciplina motiva a criança a fazer o que é certo. Percebe a diferença? O pecado não é apenas uma ação ou algo que você faz. Pecar é perder o alvo e não alcançar os padrões de Deus. Falhamos quando não damos a glória a Deus. Mesmo estando dentro da vontade dEle e sendo obedientes, ainda assim, falhamos. Nossa motivação e ação são extremamente importantes. Em 1 Coríntios 10.31, somos ensinados a fazer todas as coisas para a glória do Senhor ("quer comais, quer bebais"). A autodisciplina é o que nos habilita a viver uma vida cristã e manter a glória de Deus como força de direção para todos os nossos pensamentos, atitudes, diversões, trabalho — todas as coisas que fazemos, para não sermos cristãos legalistas.

Usando a Disciplina para Correção
Uma livraria cristã local possui muitas fontes disponíveis para ajudá-lo com a complexidade da correção e punição. Caso precise de maior direção, aconselho que consulte algum cristão expert neste assunto (alguém que se baseie nas Escrituras, não dependente apenas da psicologia humana).
Neste capítulo, não temos lugar para discutir os aspectos práticos da correção de seus filhos desde as fraldas até o namoro. Tampouco discutiremos sobre bater e suas técnicas próprias em oposição a outras punições como "suspensão" (exceto para dizer que bater é um conceito bíblico — Provérbios 29.15 — o qual é extremado em alguns lares).
Entretanto, gostaria de mencionar alguns princípios bíblicos para que os tenha em mente ao escolher o melhor método de correção para sua família.
Primeiro, aconselho-o a encontrar um método de correção que siga os princípios bíblicos e enfoque o discipulado além da punição. Toda disciplina deve ter um propósito de treinamento e ensino, não apenas de punição enfocando submissão. Alguns princípios bíblicos precisam ser considerados:
Consistência — A punição sem consistência perde seu valor e não ensina. O seu "não" perde o significado caso você mude de idéia com freqüência ou ceda à pressão.
Compaixão e amor — Quando Deus lida com seus filhos e Jesus com seus discípulos, a compaixão e o amor são evidentes. Os israelitas foram avisados antes do julgamento e receberam chances para se arrepender e mudar seu comportamento.
Claras expectativas — A Bíblia delineia claramente os comportamentos aceitáveis e os não-aceitáveis. Precisamos fazer o mesmo com nossos filhos.
Relevância — A punição é efetiva quando está diretamente relacionada ao comportamento errado. Por exemplo, quando pecamos, nossa punição é, com freqüência, a conseqüência natural de tal pecado.
Perdão — Após a confissão e arrependimento do pecado, nosso Pai celestial nos perdoa completamente e o esquece. Ao punir seu filho, resista à tentação de ressuscitar as falhas passadas (o mesmo princípio aplica-se aos seus argumentos matrimoniais ou discussões).
Razão — Não seria horrível se Deus mudasse as regras diariamente? Felizmente, Ele faz sentido, e nós deveríamos seguir seu exemplo. Explique claramente o comportamento errado para seu filho, o propósito da punição e suas expectativas sobre seu futuro comportamento. Enfoque o comportamento ao invés da negatividade com relação à criança. É útil parar e pensar antes de reagir, fazendo-se estas perguntas:
Por que meu filho agiu errado?
Este foi um comportamento perigoso e pecaminoso, ou apenas uma criancice natural, apenas inconveniente para mim? Qual a melhor maneira de corrigir este comportamento para encorajar atitudes positivas no futuro?
Firmeza — O amor de nosso Deus é incessante. Nunca devemos desistir de nossos filhos ou pensar que não há esperança para eles. Seu comportamento nunca deve ser afetado por nosso amor por eles, que precisam saber disso.
Planejamento e amor — Tire um momento para esfriar a cabeça e raciocinar ao invés de agir segundo sua raiva. A punição deve ser para o bem da criança, não para o bem dos pais ou para relaxar a tensão.
Oportunidade — Discipline a criança imediatamente. Corrija-a logo, antes que se esqueça do seu erro (esta necessidade é ainda mais imediata para os filhos pequenos). Inicie a disciplina tão logo eles comecem a entender. Quanto mais esperar, mais comportamentos negativos terão sido desenvolvidos e mais difícil será para colocá-los novamente na linha. Na infinita sabedoria de Provérbios está escrito:
Dê ao seu filho o castigo necessário enquanto ele é criança, e ainda há esperança de corrigir a desobediência. Deixar de castigar é o mesmo que condenar seu filho a uma vida infeliz. (Pv 19.18, A Bíblia Viva)

Quão Enérgico Devo Ser?
Todos nós lutamos com o dilema de estabelecer firmes limites e ainda tememos conduzir nossos filhos à rebeldia. Como podemos caminhar nesta tênue linha?
Acho que meus pais fizeram um excelente trabalho nesta área. Eles nunca foram muito severos (na verdade, tive mais liberdade que muitos de meus amigos); as expectativas eram expostas tão claramente, .que disciplinei a mim mesma para não ultrapassar o limite. Ao fazer más escolhas, sentia-me triste por ter falhado para com meus pais. Eles não costumavam dizer qualquer palavra; apenas me olhavam, eu percebia e me desculpava com eles.
É difícil dizer com exatidão como podemos andar nesta linha entre a autoridade e a severidade. Isto varia de lar para lar e depende muito da personalidade da criança. Alguns filhos necessitam de mais limites que outros. Porém, um princípio básico é comum a todos: ao treinar seus filhos para autodisciplina, é necessário afrouxar as rédeas e permitir que sejam responsáveis por seu próprio comportamento. Este processo é mais conhecido como "tornar-se independente".
A "liberação" paternal acontece gradativamente, de acordo com a idade e o nível de maturidade da criança. Para ser eficiente, a autodisciplina da criança necessita ser desenvolvida corretamente. À medida que a criança torna-se mais responsável, ele ou ela recebe menos restrições. A habilidade de demonstrar autocontrole é recompensada com liberdades progressivas.
A chave que possibilita esta transição é um relacionamento paternal aberto, que permite exemplo, ensinamento e correção. A criança precisa desenvolver um limite interior que seja repleto de amor.
Gosto do que o popular orador para juventude Dawson McAllister declarou ao entrevistador Ron Lee, sobre a questão da parceria matrimonial.
Sim, é possível ser severo. É por isto que os pais precisam atingir um equilíbrio entre os dois requisitos de Deus para uma boa paternidade: a necessidade de ser consistente, impor as regras e ao mesmo tempo obedecer aos mandamentos de Deus para que amemos nossos filhos. Quando os pais tornam-se severos e os filhos rebelam-se ainda mais, é porque os pais não estão amando seus filhos com a mesma paixão e nível de dedicação com que impõe a disciplina sobre seus filhos. Você não pode ser excessivamente rigoroso, impondo horários para dormir mas sendo liberal quanto ao álcool e às drogas e esperar que isto dê certo, caso não ouça seus filhos, dedique-lhes muito tempo e participe de suas vidas. Se você não fizer um trabalho de amor e disciplina aliados, seus filhos provavelmente se envolverão em coisas contra a sua vontade.
Gosto deste ditado: "Regras apenas, sem relacionamento, resultam em rebelião. Relacionamento apenas, sem regras, resulta em caos". Apenas Deus pode nos mostrar como equilibrar estas duas afirmações contrastantes e dar aos nossos o que necessitam de nós.
O Equilíbrio
Tentar corrigir e punir "na medida certa" é uma das mais difíceis tarefas dos pais. Tanto quanto impor limites. Parece que estamos andando freqüentemente sobre a corda bamba, tentando o perfeito equilíbrio entre amor e disciplina.
A Bíblia nos lembra da importância do equilíbrio entre obediência e encorajamento:
Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina da admoestação do Senhor. (Ef 6.1-4)
Vemos claramente a importância da obediência, que costuma acontecer apenas através de alguma correção. Paulo ainda nos recomenda a não irmos muito longe. Gosto da forma como o versículo correlacionado em Colossenses 3.21 expressa esta idéia: "Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo".
Nenhum de nós deseja irritar, angustiar ou desencorajar os filhos! Este é o motivo pelo qual a disciplina precisa ir além da punição e enfocar o discipulado — "ao contrário, mantenha-os no treinamento e instrução do Senhor".
Como você pode comunicar estas idéias importantes para sua família? Primeiro, instrua-a nos versículos que acabamos de ver. Inicie, então, uma discussão familiar na qual você examine os papéis e as responsabilidades de cada membro da família. Estes papéis estão divididos em três áreas:
1) no trabalho doméstico;
2) no relacionamento um com o outro;
3) segundo a instrução de Deus.
No capítulo 16 da lição da Noite Familiar, estudamos os vários talentos que trazemos à família como parte do corpo. A discussão sobre os papéis e responsabilidades como parte do corpo continuará a encorajar nossos filhos a cumprirem seus papéis, utilizando os talentos únicos e características concedidas por Deus, e os motivarão a assumir a responsabilidade de representar estes papéis.
Fale sobre a recompensa de Deus a cada criança que honrar seus pais; então discuta o significado de honra e como isto pode ser feito diariamente.
Para contrabalançar, encorajemos nossos filhos a obedecer ao Senhor, desempenhar suas responsabilidades domésticas e honrar seus pais. Agora é o momento de trabalharmos em nós mesmos. Precisamos perguntar aos nossos filhos o que os deixa irados ou nervosos.
Se meu filho acha que "pego no seu pé" para que arrume o quarto, isto significa que devo desistir de fazer isto? Não. Porém, mostra a necessidade de discutir a situação e encontrar outra maneira de atingir o objetivo sem irritar ou desencorajar meu filho. Quando discutimos isto calmamente em família, podemos ajudar nossos filhos a chegar às suas próprias conclusões, de que deveriam obedecer na primeira vez em que receberam a ordem, para não a ouvirem mais. Talvez o relacionamento causa e efeito deva ser introduzido. Se o quarto não estiver limpo, ele não poderá brincar com ninguém ou sair para brincar até que tenha tudo arrumado. Não preciso dizer uma palavra. A expectativa é clara. Pode custar alguns dias de aborrecimentos, mas eventualmente dará certo.
Talvez sua filha não goste de ser instruída sobre o que deve usar pela manhã, ainda que você saiba que escolherá algo inadequado para o tempo, caso faça sua escolha por si mesma. Sua discussão familiar pode levá-la a concordar em ter três opções e escolher uma delas sem reclamar.
Honra e tolerância trabalham juntas, contribuindo mutuamente para a atmosfera pacífica do lar. Entretanto, não dependem uma da outra. Assim como Deus instrui os maridos e esposas, mesmo que um dos dois falhe em cumprir sua parte, o outro ainda tem a responsabilidade com o Senhor de fazer como Ele instrui. Assim como os pais não podem dizer: "Meu filho não me honra, portanto preciso ser mais áspero", a criança não pode dizer: "Minha mãe está pegando no meu pé, por isso não preciso honrá-la".
Vocês podem preferir fazer uma reunião familiar mensal para abordar o assunto honra/exacerbação, rever como as coisas estão caminhando e chegar a novas conclusões familiares, para que todos possam obedecer ao Senhor e chegar a um acordo.
Por mais desafiador que possa parecer, isto faz parte do trabalho dos pais para descobrirem soluções criativas para as situações únicas de sua família. Ninguém disse que é fácil ser pai ou mãe! Algumas vezes precisam ocorrer várias tentativas até que você encontre alguma coisa que dê certo com seus próprios filhos. A Bíblia é, sem dúvida, uma grande fonte de inspiração para idéias. A Bíblia Viva enfatiza em Efésios 6.4 a necessidade de tais discussões e soluções:
E agora uma palavra a vocês, pais. Não vivam repreendendo e irritando seus filhos, deixando-os irados e rancorosos. Antes, eduquem-nos com a disciplina amorosa que o próprio Senhor aprova, com recomendações e conselhos piedosos.

A Importância da Autodisciplina
Definitivamente, a autodisciplina é a área mais importante do discipulado de seu filho. Tornar-se responsável e autodisciplinado em obediência ao Senhor colocará seu filho no piloto automático e fará com que ele ou ela tome boas decisões e seja um adulto bem-sucedido.
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. (SI 139.23,24)
Quero que minha própria família funcione desta forma, ansiando fazer a vontade de Deus de tal forma que fiquemos preocupados sobre as coisas que ainda nem estamos cientes. Somos participantes da corrida mais importante de todos os tempos, e apenas a autodisciplina, que nos impulsiona a servir a Deus de todo o coração, nos habilitará a ganhar o prêmio. Paulo fala sobre esta corrida:
Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. (1 Co 9.24-27)
Paulo nos fala que a autodisciplina é de vital importância se desejamos ganhar a corrida da vida. Não corremos por prêmios mundanos como dinheiro, fama e poder (a coroa corruptível), mas por uma coroa eterna que durará para sempre — a glória de estar na presença de Deus e participar de sua santidade. Este sucesso eterno será resultado da autodisciplina. A corrida para a eterna coroa e a autodisciplina, freqüentemente requerem auto-sacrifício. Paulo nos diz:
Receba a sua porção de sofrimento como um bom soldado de Jesus Cristo, como eu faço. E como soldado de Cristo, não se deixe prender pelos negócios deste mundo, porque assim você não pode satisfazer aquele que o alistou em seu exército. Siga as determinações do Senhor para a execução da sua obra, como um atleta que, ou obedece aos regulamentos, ou é desclassificado e não recebe prêmio nenhum. Trabalhe arduamente, como um lavrador que consegue boa paga, se levantar uma grande colheita... Estou confortado pela verdade de que, quando sofremos e morremos por Cristo, isto apenas quer dizer que começaremos a viver com Ele no céu. E se pensamos que o nosso atual serviço a Ele é pesado, lembremo-nos apenas de que algum dia nos sentaremos junto dEle e governaremos com Ele. Entretanto, se desistirmos quando sofrermos, e nos voltarmos contra Cristo, então Ele terá de voltar-Se contra nós. Mesmo quando estivermos fracos demais e não nos reste nenhuma fé, Ele continuará fiel para conosco e nos ajudará, pois não pode repudiar-nos, pois somos parte dEle mesmo. E Ele sempre cumprirá suas promessas a nós. (2 Tm 2.3-6,11-13, A Bíblia Viva)
Autodisciplina requer obediência ao Senhor. Precisamos seguir suas regras. Isto implica em perseverança e foco correto. Provavelmente não receberemos recompensas terrenas, mas nossa coroa eterna é muito mais valiosa. Acreditar assim, requer fé. Cristo promete ser fiel a nós e nos fortalecer; precisamos permanecer fiéis a Ele. Este é um dos muitos ingredientes requeridos pelo sucesso.
Uma pessoa disciplinada:
Persevera quando os outros desistem.
Encontra sucesso nas possibilidades e não nas impossibilidades.
Não precisa de alguém para lhe pressionar, pois seus ombros já estão pressionados contra o próximo obstáculo para a realização.
A autodisciplina também habilitará seus filhos a resistir à tentação, pois eles dependerão de Deus e obedecerão sua Palavra. Em 1 Coríntios 10.13 observamos:
Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que possais suportar.
Quando somos autodisciplinados, tendo nosso foco no Senhor, podemos resistir às pressões externas que ameaçam tentar nos desviar ou tirar nossa atenção das coisas do Senhor.
A autodisciplina também nos permite ajustar mais coisas ao nosso dia. Quando somos disciplinados, nossas vidas são mais organizadas e menos caóticas. Julie Andrews diz:
Algumas pessoas tomam a disciplina como uma obrigação. Para mim, ela é um tipo de ordem que me liberta para voar.
Verdadeiramente, a autodisciplina é um trabalho como qualquer outra coisa digna na vida. Mas o tempo gasto desenvolvendo a autodisciplina é mais do que recompensado pelo tempo que ela nos proporciona quando dominada.
Por outro lado, a autodisciplina pode causar uma falsa sensação de autocontrole, ou a ilusão de exercer completo controle sobre sua própria vida, fazendo com que a tentação fique rebaixada apenas às atividades mundanas. Mas sabemos que não controlamos realmente nossas vidas. Para sermos bem-sucedidos, precisamos submeter nossas vidas ao Senhor. A autodisciplina precisa ser usada para o sucesso cristão. Isto vem em primeiro lugar, sendo o mais importante.
Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. (Mt 6.33)
Para termos sucesso, precisamos usar nossa autodisciplina para colocar Deus em todas as coisas, incluindo nosso tempo. Muitos de nós, ao iniciar isto já adultos, descobrem que ter autodisciplina para estudar todas as manhãs é quase um desafio. Mas temos visto que um momento íntimo com Deus diariamente pode nos colocar no caminho certo.
É engraçado, mas sempre que penso não ter tempo suficiente para meu momento de estudo com o Senhor, nunca consigo completar os outros objetivos para o meu dia. Quando decido que buscar ao Senhor é uma prioridade, e faço isto, não importa quão atarefado meu dia prometa ser, o Senhor parece devolver aquele tempo para mim. Quando ajo desta maneira, estou de alguma forma sempre apta a ter todas as coisas realizadas em meu dia. E de uma forma bem melhor!
É como dar o dízimo. Quando penso que não tenho dinheiro suficiente e decido não entregar meu dízimo, tenho inevitavelmente um terrível mês. Entretanto, quando faço do dízimo minha prioridade (mesmo que ele pareça ser todo o dinheiro que tenho), consigo sempre cumprir minhas outras obrigações financeiras.
O que damos ao Senhor com o coração puro, recebemos de volta com muitas recompensas. Esta verdade aplica-se tanto ao nosso tempo quanto ao nosso dinheiro. O tempo gasto com o Senhor nunca é desperdiçado.
Podemos instilar em nossos filhos a importância da autodisciplina de buscar a Deus em primeiro lugar. Ela é melhor aprendida na primeira idade, quando se torna natural e automática como escovar os dentes. Este presente para seu filho facilitará sua auto-disciplina material e espiritual quando adulto. Talvez, se você vem enfrentando lutas com este desafio, preferiria que seus pais tivessem feito da disciplina uma parte natural de sua vida. Com uma criança pequena, você pode começar com apenas um versículo e uma simples oração a cada manhã ou a cada noite. Uma criança mais velha pode ler a passagem ou um capítulo todas as manhãs ou à noite.
Quando adolescente, desenvolvi este hábito em minha vida. Eu sempre lia ao menos um capítulo de minha Bíblia antes de dormir. Esta simples atividade colocou-me no piloto automático a ponto de salvar minha vida espiritual. Mesmo quando passei por momentos de rebelião, pecado, sentindo-me afastada de Deus, eu lia um capítulo da Bíblia todas as noites. Tentei parar de ler, pois o Senhor me convencia dos meus erros através da sua Palavra. Mas literalmente não podia dormir sem ler — assim como não conseguia dormir sem escovar os dentes. Através deste profundo hábito enraizado, meu Pai celestial me segurou, quando eu poderia ter facilmente me perdido.
Quando desisto dEle, Ele nunca desiste de mim. A autodisciplina, na qual fui ensinada desde pequena, foi o meio pelo qual Deus falou comigo quando eu não estava atenta. Difícil de desenvolver à primeira vista (especialmente para um adulto), a autodisciplina eventualmente torna-se muito fácil. Na verdade, ela torna-se um meio de vida, um hábito. E ela é uma poderosa força para colocar seus filhos no piloto automático, assim como foi para mim.

Trazendo-a para Casa
Aplicando os princípios de Deus: Favor consultar o Capítulo 2, para idéias sobre a elaboração da Noite Familiar e atividades.
Abertura: Dê algumas definições para disciplina.
Escrituras: Provérbios 6.20-23; Provérbios 1.8.
Discussão: Por que os filhos devem aprender as instruções de seus pais? Como elas os beneficiarão? Por que a disciplina é importante? Por que os pais precisam disciplinar seus filhos?
Aplicação:
1. Discutam qualquer problema recente de disciplina na família. Como eles podem ser resolvidos através das crianças honrando seus pais e os pais não as desencorajando?
2. Cada filho discute situações onde sentiu-se censurado. Use idéias criativas para resolver estas situações, a fim de que todos os envolvidos fiquem satisfeitos.
3. Cada criança escolhe uma área na qual gostaria de tornar-se mais autodisciplinada. Elabore um plano de ação para possibilitar isto.

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