1 de agosto de 2011

1 - NÃO DESISTA DE ESPERAR

(Rm 4.17-21)

Uma das maiores dificuldades do ser humano é esperar. Nossa paciência é curta. Queremos que tudo aconteça de nosso modo e no nosso tempo. Gostamos de cantar a mú¬sica que expressa esse imediatismo:
Bem, vamos embora, porque esperar não é saber.
Quem sabe, faz a hora, não espera acontecer.

O século 21 é o século do imediatismo. Paciência parece ser uma virtude em extinção. Esperar produz em nós estresse. Somos a geração do fast-food, da comunicação virtual, da Internet banda larga, da celeridade. Alcançamos o mundo na ponta de nossos dedos. Trazemos o universo para o recesso de nossa sala. Em tempo real, assistimos concomitantemente ao que se passa no planeta terra, essa pequena aldeia global. E imperativo que tudo funcione dentro das leis do imediatismo.

Esperamos que até mesmo Deus se enquadre dentro desse cronograma. Não temos paciência para esperar. Esperar um dia, uma semana, um mês, um ano, parece-nos uma eternidade.

Neste mundo de impaciência, desespero e desesperança, muitos têm uma esperança que não se desespera. A lenda grega de Ulisses e Penélope retrata esse fato. Na Guerra de Tróia, Ulisses foi para a peleja e não voltou. Muitos anunciaram sua morte. Os pretendentes instavam com Penélope para que lhes desse uma chance. Ela dizia aos que a cortejavam: "Quando eu terminar de bordar essa colcha, pensarei em sua proposta". Só que Penélope trabalhava durante o dia e, à noite, desfazia o que havia feito. Ela jamais desistiu de esperar a volta de Ulisses. Ela jamais desistiu do sonho de ter de volta seu amor. Ela esperou contra a esperança e alcançou seu desejo, pois Ulisses, quando todos apostavam em sua morte, retornou para casa.

O grande evangelista americano Dwight L. Moody, que durante sua vida anunciou a gloriosa esperança em Cristo, na hora de sua morte disse aos que estavam ao seu redor: "Afasta-se a Terra, aproxima-se o céu, estou entrando na glória". Ao cruzar a cortina do tempo e entrar na sala da eternidade, seus pés estavam pisando o firme solo da esperança. Um dos maiores pastores do século 20, o médico galés Martyn Lloyd-Jones, depois de uma batalha contra o câncer, disse a sua família e a seus paroquianos: "Não orem mais por minha cura. Não me detenham da glória". Para ele, a morte não era uma viagem rumo ao desconhecido, mas a entrada no céu, no paraíso, na casa do Pai, na pátria celestial. Paulo, o grande apóstolo aos gentios, na ante-sala do martírio, afirmou com inefável alegria: "Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele e poderoso para guardar o meu deposito ate aquele dia" (2Tm 1.12). A esperança da glória manteve esse bandeirante do cristianismo de pé nas lutas mais renhidas. Ele tombou na terra, pelo martírio, mas ergueu-se no céu para receber a recompensa.


Muitos, porém, desesperam-se antes de esperar. Li algures a história de um médico francês cujo filho, vitimado por uma doença incurável, ao ver que todos os esforços haviam fracassado, aplicou em seu filho a eutanásia. Ao retornar do cemitério, onde havia depositado o corpo do filho amado, recebeu um telegrama de um médico amigo: "Acabamos de descobrir um remédio eficaz para a cura do seu filho. Segue pelo correio a dose que lhe salvará a vida". Infelizmente, era tarde demais. Aquele pai não teve a capacidade de esperar, levantou-se con¬tra a esperança e apressou a morte do próprio filho.

Há ainda aqueles que vivem o próprio desespero, sem esperança. Jesus foi ao tanque de Betesda, na cidade de Jerusalém, onde havia cinco pavilhões com uma multidão de enfermos, cegos, coxos e paralíticos. Os enfermos se aglomeravam ali por nutrirem uma vaga esperança de cura. Segundo uma crença comum, um anjo descia do céu, em certo tempo, e agitava a água do tanque. O primeiro que conseguisse a façanha de pular na água era curado de qualquer doença. Naquele tanque de Betesda, cujo significado é Casa de Misericórdia, havia um paralítico deitado numa esteira havia 38 anos. Aquele homem era a maquete da desesperança. Seu corpo estava surrado pela doença. Suas emoções estavam turvas pelas circunstâncias adversas. Sua alma estava doente pela auto-estima aniquilada. Quando Jesus o viu, perguntou-lhe: "Queres ficar são?". Ele respondeu com uma evasiva. Ele não foi direto, não disse sim nem não. Em vez de responder à pergunta objetiva de Jesus, saiu pela tangente e acentuou sua dor emocional: "Senhor, não tenho ninguém...". O desprezo era uma doença mais avassaladora na vida daquele paralítico do que a paralisia. O abandono doía-lhe mais do que a incapacidade de andar. A falta de solidariedade naqueles longos anos era como farpas cravadas em seu peito que envenenavam sua alma. A mágoa havia aberto feridas cheias de pus em seu coração. No entanto, Jesus Se compadece desse homem fazendo-lhe uma pergunta maravilhosa: "Queres ficar são?" (Jo 5.6). Dando-lhe uma ordem maravilhosa: "Levanta-te, toma o teu leito e anda" (Jo 5.8). O resultado dessa pergunta e dessa ordem foi maravilhoso: "Imediatamente, o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar" (Jo 5.9).

Mas, há ainda aqueles que esperam contra a esperança. Esses esperam quando parece loucura nutrir na alma qualquer expectativa. Esses compreendem que o Deus eterno se recusa a agir dentro das pressões de nossa agenda. Esses aceitam o fato de que Deus, muitas vezes, trabalha de forma artesanal e sem pressa para alcançar os melhores fins.

A vida de Abraão, o Deus de Abraão, o relacionamento de Deus com Abraão e a espera de Abraão são tônicos para nossa alma, remédio para nosso coração. Observaremos esse patriarca e aprenderemos sobre a esperança que não se desespera.

Só pode ter uma esperança que não se desespera quem crê no Deus dos impossíveis

Quero destacar quatro fatos importantes sobre Abraão: Em primeiro lugar, Abraão começou a ouvir a palavra de Deus com 75 anos de idade (Gn 12.4). Aos 75 anos, pensamos mais em "dependurar as chuteiras", em nos aposentar, em entrar num pijama, comprar uma cadeira de balanço e encerrar a carreira. Abraão, aos 75 anos, começava seu caminhar com o Senhor, recebia o maior desafio de sua vida. Aos 75 anos, ele estava em pleno vigor, engendrava pianos, fazia arrojadas caminhadas, aceitava grandes desafios de Deus. Não há hora, não há tempo, não há idade para Deus chamar e desafiar você; e também para começar um novo projeto em sua vida. Deus pode começar uma obra extraordinária com pessoas de cabelos brancos e com a face marcada pelas rugas que o tempo esculpiu. Moisés começou seu ministério aos 80 anos. Winston Churchill tornou-se primeiro-ministro da Inglaterra, no turbulento período da Segunda Guerra Mundial, aos 70 anos de idade. Foi sua liderança firme que livrou a Inglaterra da avassaladora invasão de Hitler.

Em segundo lugar, Abraão é constituído pai de muitas nações sem ter um descendente (Gn 12.2). Aos 75 anos, Deus prometeu a Abraão que ele seria pai de uma grande nação. Abrão significa grande pai, mas Abraão significa pai de uma grande nação. Ele tinha nome, mas ainda não tinha filhos. Ele tinha a promessa, mas não a realidade. Abraão enfrenta quatro problemas para esperar: sua idade avançada; a esterilidade de sua mulher (Gn 11.30); a demora de Deus, pois haviam passado onze anos desde que Deus fizera a promessa do filho, e a escolha precipitada aos 86 anos, quando por sugestão de Sara, sua mulher, ele arranja um bebê com a escrava Agar (Gn 16.1-4). Talvez sua angústia seja a mesma que assaltou o coração de Sara. Você espera há muito tempo o cumprimento de uma promessa. Você espera há anos a conversão de seu marido, de sua esposa, de seus filhos, de seus pais. Os anos correm, e nada! Aquele problema que aflige sua alma fica cada vez pior. O filho da promessa parece cada vez mais distante. Cada regra, cada menstruação de Sara era uma espera impaciente, até que ela entrou na menopausa, e Deus não cumpriu a promessa. Assim, Sara perdeu a paciência. Ismael, o filho de Abraão com Agar, foi a gestação da impaciência de Sara, e não a procura de Abraão.

Em terceiro lugar, Abraão tinha 100 anos de idade quando Isaque nasceu (Gn 21.5). O apóstolo Pulo diz que Deus "chama as coisas que não são, como se já fossem" (Rm 4.17). O corpo de Abraão já estava amortecido. Já havia passado para Sara a idade própria de ser mãe. Se isso não bastasse, Sara ainda era estéril. O bom senso dizia: "Impossível!". A razão gritava: "Não pode ser!". Mas a fé diz: "Tudo é possí¬vel!". Abraão esperou 25 anos desde a promessa até Isaque nascer. Será que teríamos condições de esperar uma promessa de Deus tanto tempo? Será que não teríamos sepultado essa promessa no túmulo de nossa incredulidade e desesperança? Abraão acreditava que a promessa de Deus não podia falhar. Ele confiava no caráter de Deus. Sua fé estava plantada no solo firme da promessa, e sua esperança estava posta no Deus que não pode mentir. O apóstolo Paulo escreve sobre Abraão: "Não vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus" (Rm 4.20,21).

Em quarto lugar, Abraão é chamado a sacrificar Isaque quando este já tem 14 anos (Gn 22.1-27). Ao todo, são 39 anos desde o dia da promessa até o dia em que Deus pede Isaque de volta a Abraão. Agora, Abraão, de posse da promessa, escuta Deus lhe falando: "Abraão, agora desista; dê-me seu filho; renuncie-o; entregue-o a mim em sacrifício". Havia uma paciência tão grande em Abraão que ele acreditava que a promessa de Deus não poderia ser frustrada, que Deus ressuscitaria seu filho. Ele acreditava que nem a morte podia colocar limites ao poder de Deus. Acreditava que, quando andamos com Deus, a morte não tem a última palavra.
Só pode ter esperança que não se desespera quem descansa na providência divina

Três fatos merecem destaque sobre Isaque:

Em primeiro lugar, Isaque esperou vinte anos o nascimento dos filhos (Gn 25.20-26). Isaque esperou vinte anos o nascimento de seus filhos, e a Bíblia diz que Rebeca, sua mulher, era estéril, e ele orou por ela todos esses anos. Quantas noites ele orou por Rebeca! Quantas vezes ele colocou aquele problema diante de Deus! Quantas vezes Satanás colocou dúvidas em sua mente! Mas, por sua esperança, Deus ouviu suas orações e tornou sua mulher fértil, e ela concebeu e deu à luz dois filhos: Esaú e Jacó. Você tem paciência para orar pela cura de seu cônjuge e pela restauração de seu casamento? Você tem paciência para orar vinte anos por uma causa?

Em segundo lugar, Isaque demonstrou paciência para resolver conflitos com os filisteus (Gn 26.16-25). Os filisteus ficaram com inveja da prosperidade de Isaque, e, assim, todos os poços que ele cavava, os filisteus os enchiam de terra. Mais do que isso, alguns poços que Isaque cavava, os filisteus vinham, e contendiam, e tomavam esses poços. Isaque, em vez de brigar pelos seus direitos, seguia em frente e cavava novos poços. Onde ele colocava a mão, Deus abençoava. Em vez de gastar suas energias brigando, Isaque investia seu tempo trabalhando e abrindo novas clareiras para o futuro. Porque teve paciência, Deus o fez prosperar e reconciliou com ele seus inimigos.

Em terceiro lugar, Isaque esperou vinte anos para que Jacó voltasse para casa (Gn 31.41). Isaque morreu com 180 anos (Gn 35.28,29). Jacó, para salvar sua vida, saíra de casa e voltou vinte anos mais tarde. Seu pai teve paciência para esperar vinte anos por sua volta. Isaque esperou vinte anos a reconciliação de Esaú e Jacó. Há quanto tempo você espera seu filho ou sua filha voltar para casa? Há quanto tempo você espera a conversão de seus filhos? Há quanto tempo você espera a paz em seu lar? Há quanto tempo você espera a reconciliação com aquela pessoa que está brigada com você?

Só pode ter esperança que não se desespera quem crê no Deus das grandes transformações

Destaco quatro fatos importantes sobre Jacó: Em primeiro lugar, Jacó casou-se aos 73 anos. Jacó morreu aos 147 anos (Gn 47.28). Ele foi para o Egito com 130 anos (Gn 47.9). Quando Jacó foi para o Egito, José tinha 37 anos (Gn 41-46,47). Portanto, quando José nasceu, Jacó tinha 93 anos. Jacó ficou vinte anos em Padã-Arã, na casa de Labão (Gn 31.38), quatorze deles servindo, a seu sogro para casar-se com Raquel. Logo, Jacó casou-se com 73 anos. Que alento! Isso eqüivale a alguém que vive 70 anos e fica solteiro 35 anos. Muita gente já teria perdido a paciência!

Em segundo lugar, Jacó namorou um mês e ficou noivo sete anos (Gn 29.14-18). Jacó nos ensina que devemos ter paciência na maneira de amar. Jacó nos ensina que o amor é um investimento de vida. Ou seja, quando você ama uma pessoa, esse amor merece um investimento de sua vida. A primeira marca do amor é a paciência (ICo 13.4).

Em terceiro lugar, Jacó esperou vinte anos a reconciliação com seu irmão (Gn 33.4). Ele esperou vinte anos até que a ira de Esaú se abrandasse. Vinte anos em que seu relacionamento com Esaú ficou estremecido. Vinte anos de silêncio entre ele e seu único irmão. Vinte anos de afastamento total. Mas, depois de vinte anos, em vez de contenda e vingança, houve abraço, beijo e lágrimas de reconciliação. Talvez você espere por uma reconciliação. Há quanto tempo você espera? Uma coisa Jacó fez: ele se humilhou. Ele caminhou na direção de seu irmão. Ele buscou reconciliação. Ele não desistiu de curar aquela ferida e, por isso, morreu em paz.

Em quarto lugar, Jacó ficou vinte anos sem saber o paradeiro de seu filho José (Gn 37.35; 45.25-28). José, o filho amado de Jacó, ficou vinte anos desaparecido. Seus irmãos o venderam para o Egito e inventaram uma mentira para Jacó. Para Jacó, era como se José estivesse morto. Mas, no tempo de Deus, e segundo o seu Soberano propósito, José reviveu e renasceu diante dos olhos de Jacó. Deus levou José ao Egito e depois o pôs no trono. Há quanto tempo você espera que o seu filho, ou sua filha, renasça diante de seus olhos? Há quan¬to tempo você espera que suas lágrimas sejam convertidas em júbilo? Há quanto tempo você espera que seu vale árido seja transformado num manancial?

Há um ditado popular que diz que "a esperança é a última que morre". Para muitos, a esperança já morreu. Mas, se você crê no Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, então pode ter esperança do tipo que não se desespera, pois Deus é aquele que vivifica os mortos, chama à existência as coisas que não existem e faz a mulher estéril ser alegre mãe de filhos; Ele pode fazer o impossível. Deus jamais falha, quanto a Si mesmo e quanto a Suas promessas! Ele pode restaurar sua sorte. Ele pode salvar aquele a quem você ama. Ele pode ressuscitar os seus sonhos e trazer à existência as coisas que não existem.

Só pode ter esperança que não se desespera quem crê que Deus está no controle de todas as coisas

Destaco quatro pontos importantes sobre José: Em primeiro lugar, ele era governado por princípios, e não pelas circunstâncias. José foi fiel a seu pai, a seu patrão Potifar e a Deus, mesmo quando as circunstâncias pareciam conspirar contra sua fé. Alimentado por seus sonhos, estribado em seu caráter sem mácula e firmado numa fé inabalável de que Deus estava no controle de todas as coisas, jamais deixou seu coração turbar-se diante das adversidades. José jamais transigiu com os valores absolutos por que as circunstâncias lhe eram desfavoráveis. Ele jamais abandonou suas convicções, ou seu compromisso, por que sofria injustiças. Ele manteve-se firme,

Em segundo lugar, ele tinha plena consciência de que por trás de toda providência carrancuda esconde-se uma face sorridente. Foi o poeta inglês William Cowper que, numa música imortal, disse que por trás de toda providência carrancuda esconde-se uma face sorridente. José, quando se revelou a seus irmãos no Egito, disse-lhes:

"... eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito [...]. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar a vida é que Deus me enviou adiante de vós [...]. Deus enviou-me adiante de vós, para conservar-vos descendência na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento. Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito" (Gn 45.4-8).

Depois que Jacó morreu no Egito, seus filhos temeram José, pensando que ele se vingaria deles. Mas, novamente, José revela a eles sua firme confiança na providência divina, dizendo-lhes: "Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida" (Gn 50.20). José entende com clareza que os céus governam a Terra. Ele sabe que as mesmas mãos que governam o céu e a Terra dirigem sua vida. Ele crê na soberania de Deus e descansa em sua providência.

Em terceiro lugar, ele tinha disposição de perdoar mesmo quando tinha oportunidade para retaliar. José sofreu injustiça nas mãos de seus irmãos e nas mãos de Potifar. Ele foi vendido como escravo por aqueles e lançado na prisão por este. Agora, elevado ao poder, não se vinga dos irmãos nem de Potifar. José entrega sua causa a Deus por compreender que até mesmo os atos maus desferidos contra ele faziam parte de um plano maior, traçado pelo Eterno, para seu bem e a salvação de outros. A vingança pertence a Deus (Rm 12.19). Aqueles que tomam em suas mãos a vingança se insurgem contra Deus, usurpam Sua posição e atormentam a si mesmos com muitos flagelos. O perdão é o único caminho para uma vida saudável. Quem não perdoa não tem paz. Quem não perdoa não pode orar nem adorar. Quem não perdoa não pode ser perdoado. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. José não só perdoou seus irmãos, mas ergueu um monumento vivo ao perdão ao dar o nome de Manasses a seu primogênito, cujo significado é esquecimento das aflições, perdão. José não só perdoou a dívida de seus irmãos, mas fez novos investimentos na vida deles, colocando-os na melhor terra do Egito. José não só suspendeu a possibilidade de retaliação, mas canalizou para eles uma bênção abundante e superlativa.

Em quarto lugar, ele soube aguardar o tempo de Deus para ver seus sonhos realizados. José esperou treze anos até que seus sonhos se tornassem realidade. Esses sonhos não o conduziram por caminhos fáceis, mas por veredas crivadas de espinhos. Ele não foi aplaudido ao compartilhar seus sonhos, mas odiado e perseguido. Seus sonhos não o levaram ao pódio, mas à cisterna. Seus sonhos não o fizeram um vencedor, mas um escravo. Seus sonhos não o levaram de imediato ao trono, mas à prisão. José, porém, soube esperar pacientemente o tempo de Deus. Ele sabia que aqueles sonhos não eram fruto de sua adolescência irrequieta, mas da intervenção de Deus em sua vida. Ele sabia que seus sonhos não foram gerados no útero de sua megalomania, mas no coração do Deus todo-poderoso. Ele compreendia que Deus era o Senhor de seus sonhos, por isso aguardou com paciência o cumprimento da promessa. Depois do choro, vem a alegria. Depois das lágrimas, vem o consolo. Depois do deserto, vem a terra prometida, depois da humilhação, vem a exaltação. Depois da cruz, vem a coroa. Depois da prisão, vem o trono. José confiou em Deus, e seus sonhos foram realizados. Não eram seus irmãos nem mesmo Potifar os protagonistas na vida desse jovem sonhador, mas o Deus eterno. O sofrimento não foi um acidente, mas uma agenda de Deus na vida de José. Deus trabalhou nele antes de trabalhar por meio dele. Vida precede ministério. A vida é o alicerce do ministério, e Deus é o arquiteto da vida.

(capítulo 1 do livro QUATRO HOMENS, UM DESTINO - Hernandes Dias Lopes)

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