4 de agosto de 2011

3- COMO PASSAR PELAS PROVAS VITORIOSAMENTE

(Gn 22.1-19)


Um relógio de uma famosa catedral trazia a seguinte inscrição: "Quando você é criança, o tempo se arrasta. Quando você é jovem, o tempo anda. Quando você é adulto, o tempo corre. Quando você é velho, o tempo voa. Só mais um pouco, e o tempo terá ido embora".

Aos 75 anos de idade, Abraão matriculou-se na escola da fé. Agora, aos 100 anos, ainda enfrenta tremendas provas e desafios na vida. Você nunca é velho demais para enfrentar novos desafios, travar novas batalhas e aprender novas verdades. Quando paramos de aprender, paramos de crescer; e, quando paramos de crescer, paramos de viver.

Arthur Schopenhauer disse que a vida, nos primeiros quarenta anos, dá-nos o texto e, nos próximos trinta anos, o comentário do texto. Para o crente, o texto é Romanos 1.17: "O justo viverá da fé". O comentário do texto é escrito à medida que ouvimos a Palavra de Deus e obedecemos à sua direção dia a dia. É triste que muitas pessoas, por não entenderem nem o texto nem o comentário, terminam a vida sem mesmo começar a viver.

Gênesis 22 nos mostra a maior de todas as provas que Abraão enfrentou. Pela fé, ele triunfou e pode nos ensinar a passar pelas provas vitoriosamente. Vejamos algumas instru¬ções práticas:

Espere testes da parte de Deus (Gn 22.1,2)

Na escola da fé, teremos testes ocasionais, ou jamais saberemos onde estamos na caminhada espiritual. Abraão enfrentou vários testes na caminhada com Deus:

Em primeiro lugar, o teste da família, quando Deus lhe ordenou a sair do meio de sua parentela para uma terra desconhecida (11.27-12.5).

Em segundo lugar, o teste da fome, quando ele fracassou, porque duvidou de Deus e desceu ao Egito para buscar ajuda (12.10-13.4).

Em terceiro lugar, o teste da comunhão, quando ele precisou apartar-se de seu sobrinho Ló e deu a este a oportunidade de fazer a escolha primeiro, abrindo mão de sua preeminência e preferência (13.5-18).

Em quarto lugar, o teste da luta, quando ele derrotou os reis confederados que seqüestraram Ló (14-1-16).

Em quinto lugar, o teste da riqueza, quando ele disse não às riquezas de Sodoma (14-17-24).

Em sexto lugar, o teste da consciência, quando ele fracassou em ceder as pressões de Sara, arranjando um filho com a escrava Agar (16.1-16).

Em sétimo lugar, o teste do maior amor. Esse teste foi o maior que Abraão enfrentou na jornada da vida (Gn 22.1-19).



Nem toda situação difícil que vivemos é um teste de Deus. As vezes, sofremos por causa de nosso próprio pecado. Abraão sofreu no Egito e em Gerar por seu próprio pecado. Mas as provas enviadas por Deus são para o nosso bem (Tg 1.2-4).

Precisamos distinguir entre provação e tentação. As tentações vêm dos desejos pecaminosos que estão dentro de nós (Tg 1.12-16), enquanto as provações vêm do Senhor. As tentações são usadas pelo diabo para arrancar o pior que está em nós; as provações são usadas por Deus para levar-nos ao melhor. Muitas vezes, as tentações parecem lógicas, e as provações, sem sentido: Por que Abraão esperaria 25 anos por um filho? Por que Deus daria um filho a Abraão para depois pedir-lhe a que o sacrificasse num altar?

João Crisóstomo disse que, nesse caso, parece que as coisas de Deus lutavam contra as coisas de Deus; a fé, contra a fé; e o mandamento, contra a promessa.

Ponha seus olhos nas promessas, e não nas explicações (Gn 22.3-5)

Madame Guyon disse que nossa fé não será realmente testada até que Deus nos peça que suportemos o que parece insuportável, façamos o que parece exagerado e esperemos o que parece impossível. Se você olhar para Abraão caminhando para Moriá com seu filho Isaque; para José na prisão, para Moisés e Israel diante do mar Vermelho; para Davi na caverna de Adulão; ou para Jesus no Calvário, a lição é a mesma: vivemos pelas promessas, e não pelas explicações.

Considere quão desarrazoado era o pedido de Deus: 1) Isaque era o filho único de Abraão, o filho da promessa em quem descansava o futuro do pacto; 2) Abraão amava Isaque e tinha construído todo o seu futuro ao redor dele; 3) quando

Deus pediu Isaque a Abraão, Ele estava testando não apenas sua fé, mas também sua esperança e seu amor. Deus parecia tirar tudo o que Abraão amava na vida.

Quando Deus nos envia uma prova, nossa primeira reação é perguntar: DEUS, POR QUÊ? POR QUE COMIGO? Queremos explicações. Deus tem razões, já expostas em Sua Palavra: 1) Purificar nossa fé (lPe 16-9); 2) aperfeiçoar nosso caráter (Tg 1.2-4); 3) proteger-nos do pecado (2Co 12.7-10).

Abraão ouviu a palavra de Deus e, imediatamente, a obedeceu a ela pela fé. Nós sabemos que a vontade de Deus jamais contradiz Sua promessa. Abraão já tinha escutado: "Porque em Isaque será chamada a tua descendência" (Gn 21.12). Hebreus 11.17-19 nos informa que Abraão se dispôs a sacrificar seu filho na certeza de que Deus o ressuscitaria dentre os mortos. A fé não exige explicações; a fé descansa nas promessas.

As características da fé adulta de Abraão

Abraão é o pai da fé. Ele teve uma fé robusta e adulta. Vejamos suas características:

Em primeiro lugar, sua fé responde ao chamado de Deus (22.1). Deus o chamou desde o céu: "Abraão!". Ele respondeu imediatamente: "Eis-me aqui!". Abraão bateu continência para Deus antes de saber para que Deus o chamava.

Em segundo lugar, sua fé se dispõe a obedecer a Deus prontamente, sem questionamentos (22.2). A fé de Abraão triunfou porque ele se recusou a ver a incoerência ou infidelidade da parte de Deus. O Senhor não queria Isaque; queria o amor de Abraão.

Em terceiro lugar, sua fé revela-se pela ação e pela direção (22.2,3). A fé de Abraão não é especulativa, do tipo que quer saber onde, por que, para quê. Ele age e caminha na direção dada por Deus.

Em quarto lugar, sua fé é uma fé que não adia a ação (22.3). Quando se sabe o que Deus quer, não há razão para divagações, testes, perguntas, para ficar parado. A procrastinação é um convite à ruína. Protelar aquilo que sabemos a vontade de Deus é um laço perigoso.

Em quinto lugar, sua fé é capaz de transformar as provas em adoração (22.5). Abraão disse a seus dois servos: "Eu e o mancebo iremos até lá; depois de adorarmos, voltaremos a vós" (Gn 22.5). Porque Abraão cria em Deus, ele não tinha a intenção de trazer de volta um cadáver. Abraão fez da prova um ato de adoração. Ele esperava nada menos do que um milagre, o milagre da ressurreição. Ele sabia que Deus é totalmente confiável.

Em sexto lugar, sua fé vê a ressurreição de todas as promessas de Deus (Gn 22.5). Abraão disse a seus servos, antes de subir o monte Moriá para sacrificar o seu filho: "Voltaremos". Em Hebreus 11.19, lemos que Abraão cria que Deus ressusci¬taria Isaque, o filho da promessa. Deus nos prova não para nos derrubar, mas para nos fortalecer.

Abraão já tinha aprendido a crer em Deus e obedecer ao Senhor mesmo quando ele não sabia onde (Hb 11.8); não sabia quando (Hb 11.9-10,13-16), não sabia como (Hb 11.11-12), e não sabia por que (Hb 11.17-19).

Dependa totalmente da provisão de Deus (Gn 22.6-14)

Duas expressões revelam a ênfase desta passagem: "Deus provera para si o cordeiro para o holocausto, meu filho" (Gn 22.8) e: "No monte do Senhor se provera" (Gn 22.14). A medida que subia o monte Moriá, Abraão estava seguro de que Deus proveria à sua necessidade. Quatro fatos merecem destaque:

Em primeiro lugar, Abraão não podia depender de seus sentimentos. A Bíblia não nos informa em nenhum momento o sofrimento de Abraão; apenas nos diz de sua prontidão para obedecer sem discutir e da confiança na provisão divina.

Em segundo lugar, Abraão não podia depender das pessoas. Sara ficara em casa. Os dois servos estavam agora aguardando no campo. Somente Abraão e Isaque caminham rumo a Moriá. Agradecemos a Deus os amigos e a família, mas haverá provas que teremos de enfrentar sozinhos, no monte do Senhor. Somente nessas horas, podemos experimentar o que Deus pode fazer por nós!

Em terceiro lugar, Abraão aprendeu a depender totalmente da promessa e da provisão de Deus. Ele já tinha experimentado o poder da ressurreição de Deus em seu corpo (Rm 4.19-21). Por isso, ele já sabia que Deus era poderoso para levantar Isaque da morte (Hb 11.19). Não havia ainda registro de res¬surreição na História, mas Abraão cria no impossível, via o invisível e tomava posse do intangível. Quando estivermos no monte Moriá, nas provas mais profundas, precisamos saber que para Deus não há impossíveis, e que podemos todas as coisas nAquele que nos fortalece.

Em quarto lugar, Deus proveu o Cordeiro, e este tomou o lugar de Isaque (Gn 22.13). Assim Abraão descobriu um novo nome para Deus: JEOVÁ-JIRE. Esse nome de Deus nos ajuda a entender algumas verdades sobre a provisão do Senhor:

Primeiro, onde o Senhor prove às nossas necessidades? Deus prove às nossas necessidades no lugar em que Ele determinar. Abraão estava no lugar em que Deus mandou que estivesse. Do jeito que Deus mandou. Na hora que Deus mandou. Por isso, Deus proveu para ele. A estrada da obediência é a porta aberta da provisão. Não temos o direito de esperar a provisão de Deus se não estivermos no centro da vontade de Deus.

Segundo, quando o Senhor prove às nossas necessidades? Exatamente quando nós temos a necessidade, e não um minutoo antes. Do ponto de vista humano, isso pode parecer muito tarde, mas Deus nunca chega atrasado. O relógio de Deus não se atrasa.

Terceiro, como o Senhor prove às nossas necessidades? Por caminhos naturais e também sobrenaturais. Deus não enviou um anjo com um sacrifício, mas mostrou um cordeiro preso pelos chifres. Abraão só precisava de um cordeiro, por isso Deus não lhe mostrou um rebanho. Mas, ao mesmo tempo, Abraão ouviu a voz de Deus. O natural se mistura com o sobrenatural.

Quarto, a quem Deus dá sua provisão? A todos os que confiam nEle e obedecem a Suas instruções. Quando você está onde Deus o mandou estar, fazendo o que Deus o man¬dou fazer, então pode esperar a provisão de Deus em sua vida. Quando a obra de Deus é feita do jeito que Deus manda, nunca falta a Sua provisão. O Senhor não tem obrigação de abençoar minhas idéias e meus projetos. Mas Deus é fiel para cumprir Suas promessas.

Quinto, por que Deus prove às nossas necessidades? Para a glória de Seu próprio nome. Deus foi glorificado no monte Moriá porque Abraão e Isaque fizeram a vontade de Deus. Esse episódio é uma antecipação da expressão mais profunda do amor de Deus por nós: a entrega de seu Filho unigênito para morrer em nosso lugar. Deus poupou Isaque, mas não poupou Seu próprio Filho. A Bíblia diz que Deus não poupou Seu próprio Filho, antes O entregou por todos nós (Rm 8.32). Diz ainda que Deus prova Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).


Nas provações, procure glorificar ao Senhor

Em tempos de provações, é muito fácil pensarmos apenas em nossas necessidades e em nossos fardos, em vez de focarmos nossa atenção em trazer glória ao nome de Cristo. Normalmente, perguntamos: "Como posso sair dessa situação de provação?". Em vez disso, deveríamos perguntar: "Como posso trazer glória ao nome do Senhor nessa situação?".

Se existe um fato que revela a glória de Deus no Antigo Testamento é a história de Abraão e Isaque. Essa experiência de Abraão e Isaque é o mais belo tipo da Bíblia sobre a caminhada do Pai e do Filho ao Calvário.

Jesus disse aos Judeus: "Abraão, vosso Pai, exultou por ver o meu dia; viu-o, e alegrou-se" (Jo 8.56). No miraculoso nascimento de Isaque, Abraão viu o dia do nascimento de Cristo. No casamento de Isaque, ele viu o dia da vinda de Cristo para Sua noiva, a igreja. Mas no monte Moriá, quando Isaque foi co¬locado no altar, Abraão viu o dia da morte e da ressurreição de Cristo. Várias verdades sobre a expiação são vistas nesse texto:

Em primeiro lugar, o Pai e o Filho agiram juntos (Gn 22.2,8). Em Gênesis 22.2,8, somos informados duas vezes que Pai e Filho andaram juntos. A Bíblia diz que Deus amou o mundo (Jo 3.16), e Jesus amou aqueles por quem morreu (l Jo 3.16). Mas a Bíblia também diz que o Pai amava o Filho, e o Filho amava o Pai (Mt 3.17; Jo 14.31). Abraão não negou seu único filho (Gn 22.16), e o Pai não poupou o Seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós (Rm 8.32).

Em segundo lugar, o Filho tinha de morrer. Abraão pegou o cutelo e o fogo, os dois instrumentos de morte. No caso de Isaque, houve um substituto, mas ninguém pode tomar o lugar de Cristo na cruz. Só Ele poderia morrer por nós na cruz. Apenas Ele poderia oferecer um sacrifício perfeito em nosso lugar. Só Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O fogo é símbolo da santidade e do juízo de Deus. Na cruz, Jesus experimentou mais do que a morte; experimentou o juízo de Deus pelos pecados do mundo. Isaque não suportou nem o cutelo nem o fogo, mas Jesus suportou ambos. O pai de Isaque estava lá, mas o Pai de Jesus O desamparou na cruz, quando Ele Se fez pecado por nós. Que tremendo amor!

Em terceiro lugar, o Filho teve de carregar o fardo do peca¬do sobre Seus ombros. A lenha é mencionada cinco vezes nesse texto. O versículo 6 diz que Abraão colocou sobre Isaque, seu filho, a lenha do holocausto. Deus fez cair sobre Jesus a iniqüidade de todos nós. Ele foi transpassado pelas nossas transgressões. Jesus carregou o lenho maldito sob os apupos da multidão enlouquecida. Foi pregado no lenho e exposto ao vitupério público. Carregou a cruz e na cruz morreu.

Em quarto lugar, o Filho foi levantado da morte. Isaque morreu apenas em sentido figurado (Hb 11.19), mas Jesus realmente morreu e ressuscitou. O texto não diz que Isaque retornou com Abraão aos seus dois servos (Gn 22.19). A próxima vez que ouvimos falar em Isaque é quando ele se encontra com sua noiva (Gn 24.62). Isso mostra-nos que o próximo glorioso evento no calendário de Deus é o retorno de Jesus Cristo para encontrar-se com a Sua noiva, a igreja. O Calvário não é apenas o lugar em que Cristo morreu, mas também o lugar onde o Senhor santifica nosso sofrimento e o transforma em glória.

Nas provas, olhe para a frente, para o que Deus tem para você (Gn 22.15-19)

Existe sempre um fim glorioso depois das provas de Deus. Ele não disperdiça sofrimento. Jó disse: "Mas ele sabe o caminho por que eu ando; provando-me ele, sairei como o ouro" (Jó 23.10). Abraão recebeu várias bênçãos de Deus por causa de sua fé obediente.

Em primeiro lugar, ele recebeu uma nova aprovação de Deus (Gn 22.11,12). Abraão descreveu toda aquela dramática experiência como ADORAÇÃO (Gn 22.5). Ele obedeceu à vontade de Deus e procurou agradar a Deus. Deus lhe disse: "Agora sei que temes a Deus" (Gn 22.12). Ele é um homem aprovado pelo céu.

Em segundo lugar, ele recebeu de volta um novo filho. Abraão e Isaque tinham estado no altar juntos, mas Isaque era agora um sacrifício vivo. Deus deu Isaque a Abraão, e Abraão deu Isaque de volta para Deus. Precisamos ter cuidado para que os dons de Deus não tomem o lugar do Doador.

Em terceiro lugar, Deus deu a Abraão uma nova segurança (Gn 22.16-18). Abraão já tinha ouvido essas promessas, mas agora elas têm um toque especial para ele. Charles Spurgeon disse que as promessas de Deus jamais são tão brilhantes como na fornalha da aflição.

Em quarto lugar, Abraão aprendeu um novo nome de Deus (Gn 22.14). No monte Moriá, Abraão conheceu Deus como aquele que prove na hora da aflição, por isso O chamou de Jeová-Jiré, O Senhor Provera; "no monte do Senhor, se provera". Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Deus O proveu para você e para mim. Deus prove o que você precisa, sempre! Hudson Taylor colocou na porta da sua casa: EBENÉZER E JEOVÁ-JIRÉ. Quando olha para trás, você vê a mão de Deus. Quando olha para frente, vê a promessa de Deus. Portanto, não precisa temer!

Quando Jesus estava, na cruz, o Pai não enviou nenhum cordeiro substituto para Seu Filho, nem houve nenhuma voz do céu para salvar Seu Filho. A fé obediente de Abraão agra¬dou de tal forma a Deus que Este abriu a cortina do tempo e mostrou a Abraão o dia de Cristo: o Cordeiro de Deus que nos substituiu e nos deu eterna redenção. Abraão é chamado o pai da fé. Você é filho de Abraão? Como está a sua fé? Você crê em Deus a ponto de obedecer a Ele e colocar no altar o seu Isaque?


(capítulo 3 do livro QUATRO HOMENS, UM DESTINO - Hernandes Dias Lopes)

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